Compilando programas facilmente com o apt-build

Apesar de um software compilado localmente ser mais rápido e bem mais personalizável devido ao processo de compilação que “arredonda” o programa e as bibliotecas para o hardware utilizado, muita gente ainda foge da compilação devido as dificuldades em resolver problemas de dependência e outros problemas típicos como a falta de gerenciamento de pacotes, além da dificuldade natural dos iniciantes. Agora imagine uma ferramenta com a facilidade e a versatilidade que o apt-get tem para instalar programas, mas que fosse feita para compilar e gerenciar programas compilados no computador? Parece sonho, mas não é! Apresento o apt-build.

A ferramenta

O apt-build é uma ferramenta que foi me apresentada pelo meu amigo Max, da cidade de Ibiúna. O propósito da ferramenta é facilitar o processo de instalação de softwares a partir da compilação. Quando você tem o código fonte de um programa em mãos, a instalação do mesmo geralmente é feita através do processo de compilação, para isso, é necessário pegar o código fonte do programa em questão, descompactar, entrar na pasta com os arquivos descompactados e, geralmente usar os famosos comandos:

./configure && make && make install

O legal da compilação é que o GCC (O compilador de programas do mundo GNU/Linux) compila os programas adaptando-se ao hardware do seu computador, processador, memória, etc.. tornando o programa muito mais leve e otimizado do que se ele tivesse apenas sido copiado para o seu HD. Isso realmente é uma grande vantagem, tanto que em servidores, ferramentas de missão crítica como um Web Server, ou um DNS ou um servidor de arquivos ou proxy DEVEM ser compiladas, garantindo melhor performance e evitando travamentos indesejados além do alto consumo de memória. Mas, como nem tudo nesse mundo são rosas, o processo de compilação é demorado (claro) além de ser chato por que nem todas as distribuições para usuários finais trazem as libs necessárias para uma compilação sem traumas e o resultado é que sempre acabamos nos afundando internet abaixo para resolvermos problemas de dependência, versão de libs e outros problemas, o que nos faz perder um tempo bem grande para instalarmos o programa.

Por causa desses inconvenientes, cada distribuição bola a sua forma de gerenciar pacotes e programas, sem a necessidade de compilação e com passos simples para o usuário. O Debian e seus derivados, por exemplo contam com o poderoso apt-get, uma ferramenta de instalação tão simples e tão estável que até mesmo o mais perdidos de todos os usuários consegue usá-lo através das suas várias interfaces gráficas.

O propósito do apt-buid é compilar programas a partir do código fonte, porém com a mesma facilidade que o apt-get faz para instalar e gerenciar programas. Quando executado, o apt-build checa pelo programa e levanta todas as dependências que esse aplicativo vai precisar. Então ele baixa tudo, compila as dependências, compila o programa solicitado, limpa o lixo que por ventura sobrar e, com tudo compiladinho, ele cria os arquivos .deb, joga tudo no diretório de pacotes do computador e instala pelo dpkg, fazendo então uma instalação simples e controlada de pacotes, mas que foram compilados para o seu nível de hardware. Tudo muito simples e fácil, com todas as vantagens do apt-get.

Instalando o apt-build

Para instalar o apt-buid, basta usar o bom e velho apt-get com o comando:

apt-get install apt-build

Após instalado, algumas perguntas serão feitas. Primeiro, ele vai instalar o courier e vai pedir informações sobre e-mail para enviar mensagens ao administrador em alguns momentos. Nessa fase, você pode responder tudo bonitinho ou aceitar o padrão para tudo, não é obrigatório que esse passo funcione certinho.

Depois de mais alguns pacotinhos configurados então vem a vez do apt-build para valer. Na primeira tela da configuração, ele vai simplesmente perguntar onde os pacotes baixados devem ficar armazenados, você pode escolher o padrão: /var/cache/apt-build/build.

A pergunta seguinte é onde os pacotes vão ficar guardados depois que eles forem compilados. Também pode-se escolher o padrão: /var/cache/apt-build/repository.

O passo seguinte é um dos mais interessantes. Ele vai perguntar qual é o nível de otimização da compilação. Existem 3 níveis: O baixo, onde a compilação é rápida, porém mais genérica, quer dizer, o programa compilado tende a ficar mais lento. O Médio onde a compilação é mais específica, mais demorada, mas o programa instalado roda bem mais limpo e o Forte, onde o tempo de compilação é bem maior mas o programa roda muito leve e muito rápido, esse nível é tão extremo que em alguns casos a compilação pode encontrar problemas. Eu estou usando o nível médio em meu computador.



O passo seguinte configura o apt-get para instalar os pacotes criados pelo apt-build, basta aceitar a opção padrão que é Sim e seguir para o passo seguinte. Caso você tenha alguma opçao que queira colocar no GCC, pode-se colocar nesse passo. Caso voce não tenha nada a ser acrescentado (o padrão de quase todo mundo) basta seguir em frente sem colocar nada. De ok e siga para passo seguinte onde a mesma pergunta será feita, mas dessa vez para o make. Basta seguir em frente do mesmo jeito e ir para o próximo passo.

O passo seguinte também exige muita atenção por que ele vai perguntar qual é o seu tipo de processador. É importante que essa pergunta seja muito bem respondida por que a compilação vai ser voltada para se encaixar ao processador escolhido aí. Logo, se um processador diferente do seu computador for escolhido, você poderá ter problemas no futuro ao executar os seus programas instalados.



Depois disso, seu programa estará instalado! Agora é só usar.

Usando

Antes de sair por aí instalando tudo, certifique-se que o seu apt está configurado para baixar códigos fontes, basta ir até o arquivo /etc/apt/sources.list e adicionar um repositório com o tipo definido para deb-src, conforme o exemplo abaixo:

/etc/apt/sources.list

# Lenny futura versão estável do debian, já a ponto de atualização.
deb http://ftp.br.debian.org/debian lenny main contrib non-free
deb http://www.debian-multimedia.org lenny main
# Repositório oficial do debian lenny para baixar códigos fontes.
deb-src http://ftp.br.debian.org/debian lenny main contrib non-free
Após arrumar o seu sources.list não se esqueça do famoso:
apt-get update

Para usar o apt-build, basta rodá-lo de um terminal para instalar o programa que você quiser, como se fosse um apt-get:

apt-build install programa

Ele faz o resto. Tudo simples fácil, e compilado! Todos as demais funções do programa funcionam muito igual ao apt-get, portanto, não vai haver confusões (eu espero!!), seguem aqui algumas, mais simples:

apt-build install –reinstall programa

Reinstala um programa já instalado.

apt-build upgrade

Faz upgrade de todos os pacotes instalados.

apt-build world

Recompila todo o seu sistema (demooooooora)

apt-build source programa

Baixa o código fonte e descompacta, mas não compila nem instala.

apt-build remove programa

Desinstala o programa selecionado

apt-build clean-build

Apaga os pacotes compilados (útil para ganhar espaço no HD)

apt-build clean-sources

Apaga os pacotes fontes (útil para ganhar espaço no HD também) Todos as opções podem ser vistas com um man apt-build. Simples e fácil.

Conclusões

O apt-build é um excelente programa que além de facilitar o processo de compilação, deixa o seu sistema limpo e sem “programas perdidos” oriundos de compilações. Tudo roda com ótima performance, sem termos que nos preocupar com instalações de libs e dependências e o gerenciador de pacotes do Debian continua controlando o sistema tornando-o além de seguro e rápido, confiável. Sem dúvida, ferramenta indispesável para quem procura performance e estabilidade sem perder tempo ou conforto. Até a próxima!

Por David Dias: http://professordavid.pro.br/

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